Sobre mitos e lendas

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O Rei era grandioso!

Amado e adorado por seu povo e por todos aqueles que estavam sob seu comando. Seu nome era sinônimo de coragem e lealdade. Não havia uma batalha, em nenhuma guerra se quer, que não estivesse junto a seus soldados. Se arriscando aos mesmos perigos!

Todos os guerreiros do reino teriam coragem e orgulho de morrer por seu soberano. Diziam “Minha vida pertence a meu Rei, meu Senhor!” e assim o seguiam com carinho e dedicação, fazendo o que fosse preciso pela glória de seu reino.

Porém, havia um povoado que não concordava com aquele estado de ordem na qual a Coroa os submetia. Essas pessoas estavam furiosas! Não aceitavam plantar  e doar mais da metade do que produziam a Corte. Diziam que as palavras do Rei não faziam sentido a sua realidade. Que sua força de expansão imperial em nada melhorava a vida e o dia a dia sofrido de quem trabalhava nos grandes campos.

Em um sinal de força e Ordem o rei determinou uma pequena comitiva até aquele povoado. 150 Cavalos com armaduras, lanceiros grandiosos e experientes de guerra,  organizavam uma campanha exuberante. No meio daquela armada o rei estava sob uma carruagem onde seu assento fora colocado no topo do carro. Assim ele olhava o caminho do alto, sua visão poderia alcançar muito adiante e ao mesmo tempo muitos poderiam avista-lo.

Sua armadura reluzia em ouro. E refletia a luz do sol como se fizesse a si um espelho a grande estrela de fogo. Os detalhes desenhados cuidadosamente no metal marcavam cenas de batalhas que estavam escritas em sua história de 20 anos como comandante. Essa era a imagem divina daquele que nomeava a si mesmo como o Salvador, o homem que iria eliminar todo o mal presente nos infelizes atrevidos o suficiente para contrariar a vontade de Deus.

Mas, foi quando cruzaram um pequeno vale, pelo qual um fino caminho de água escorria entre duas margens forradas de arvores aos pés de alguns morros, que o impensável aconteceu.

Quando seu rosto bateu contra o chão macio e molhado daquele caminho e sua boca encheu-se de lama a unica coisa que passou pela cabeça do Rei era “A terra não é tão nojenta quanto parece”. O que se passou depois disso foi apenas tragédia e dor. Havia quebrado um tanto de costelas e a bacia enquanto os ossos de um ombro e de um cotovelo rasgavam sua pele, rachados com o peso de seu corpo. O Sangue se acumulava na garganta e afogava seus pulmões. A lança que perfurava abaixo de suas axilas, havia rachado após a queda e, por isso, sentia fiapos e pontas de madeira esfregando sua carne. O desespero de seus cavaleiros foi generalizado. E tão cedo quanto tinha sido a queda de seu rei fora o tempo para capturar o jovem que estava a espreita entre as arvores. O Assassino com toda certeza seria levado a tortura e execução em praça publica, mas isso já não fazia diferença. O rei estava Morto.

Seu corpo não era sagrado, havia sangue, carne e osso, não luz e ouro como muitos acreditavam. Sua agonia e dor, o medo em seus olhos cheios de lagrimas, eram iguais a de todos os homens que enfrentavam a morte prematura. Seus vinte anos de história foram deixados de lado enquanto os membros de sua família disputavam a divisão de poder e terras.

Com o passar de alguns anos seu reino se adaptou aos novos dias, a novos governantes e a tantos outros Deuses Homens. Talvez fosse comum, que de tempos em tempos as pessoas procurem um santo entre si. Alguém que possa de forma simples resolver todos os seus problemas. Que tenha palavras firmes e assim te faça acreditar que o mundo é mais simples do que parece ser. É bem capaz que todos nós estejamos procurando alguém que assuma a responsabilidade por nossas vidas. Mas não podemos esquecer que todos nascemos como homens e morremos como homens, pois Deuses, Mitos e Lendas não caminham entre nós.